Vaquejada (festa)

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Vaquejada (festa)

por Claudefranklin Monteiro Santos


Atividade cultural, também conhecida como esporte rústico, típica da região Nordeste, em razão da prática da pega de boi. Consiste no ato de soltar um boi em linha reta, perseguido por dois homens montados a cavalo. A meta é derrubar o animal entre duas faixas de cal, puxando-o pela calda, momento em que se diz a expressão: “valeu o boi”. A pega do boi, herança portuguesa, é datada do século XIX, mas a Vaquejada teria surgido na segunda metade do século XX, no ano de 1956, em Natal, RN, por iniciativa de um pecuarista chamado José Augusto. Em Sergipe, marcado pela criação de gado desde seu nascedouro em 1590, ocorre particularmente na cidade de Lagarto. Nesta cidade, foi criada em 1963, juntamente com a Exposição Feira de Animais, por iniciativa dos criadores de animais Landulfo José de Almeida, José de Sérgio, João de Cândido e João Miúdo. Ao longo dos anos, além da prática da pega do boi, agregou-se apresentações artísticas locais e nacionais, com grande apelo popular. Em setembro de 1976, o Governo de Sergipe chegou a realizar um evento para discutir a influência da tradição na região e notadamente da Vaquejada. O "Seminário sobre o gado e o couro", ideia de Luiz Antônio Barreto, reuniu várias personalidades, empresários, criadores e políticos na cidade de Lagarto, por ocasião da programação da XIII Vaquejada daquele município. Atualmente, em Lagarto, o evento acontece no Parque Zezé Rocha e se repete há mais de cinquenta anos. A partir de 2012, por iniciativa do empresário Geraldo Majella, também ocorre no Parque das Palmeiras, no Haras Flávio José, concomitante a uma série de atividades voltadas para a criação de gado e de cavalos, como a Exporingo. Em 2019, Majella inaugurou a primeira pista de vaquejada coberta do país A prática da Vaquejada tem sido contestada por entidades de proteção aos animais e até por setores do judiciário. Ainda assim, ela foi reconhecida como Patrimônio Imaterial do Brasil pela Lei 13.364, de 2016. Em 2019, duas iniciativas parlamentares também colocaram em maior evidência a importância patrimonial e identitária da prática: o projeto de Lei que transformou Lagarto na “Capital Estadual da Vaquejada”, de autoria do deputado estadual Ibraim Monteiro; e o projeto do deputado federal Fábio Reis, que conferiu o título de Capital Nacional da Vaquejada ao município de Lagarto.


Para saber mais:

CARDOSO, Amâncio e ALVES, Francisco José. O gado na Cultura Sergipana. Disponível em: <http://jornaldacidade.net/artigos-leitura/76/14919/o-gado-na culturasergipana.html#.U9HO5ONdV1Y>. Acessado em 19 de março de 2021.

SANTOS. José Adeilson dos. “Um boi zepelim enfeitiçado ...”: trajetória de vida do vaqueiro “Doutor de Vito” e as vaquejadas “pega-de-boi no mato” no sertão sergipano dos anos 1950. Dissertação. São Cristóvão: Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Sergipe, 2018.