João Melo (cantor/compositor)

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João Melo (cantor/compositor)

por Dilton C. S. Maynard

João Lourenço de Paiva Melo nasceu no dia 24 de junho de 1921, em Salvador, Bahia. Seu pai, José Maria de Carvalho, médico recém-formado, seguiu o caminho de tantos outros egressos da Faculdade de Medicina da Bahia: embrenhou-se à procura de clientes nas pequenas cidades. Em 1923, parou em Boquim, Sul de Sergipe. De lá, veio para a capital nos anos 1930. Em Aracaju, pouco tempo depois, seu filho se tornaria o primeiro cantor de rádio. Uma história que teve início no Atheneu Sergipense. O Atheneu deu ao jovem João um aluno muito especial. Era um moço magro, raquítico e irritadiço. A aparência frágil valeu-lhe o apelido mais irônico que alguém com o seu tipo físico poderia ter: Carnera, irônica “homenagem” a um boxeador da época, Primo Carnera. O Carnera sergipano tocava violão. E tocava bem. Tão bem, que encantou João Melo. O moço resolveu que queria aprender a tocar o instrumento. Foi até Carnera e comentou a idéia. O pugilista de viola ofereceu-se para ensinar. João não demorou a aprender. Aprendeu a fumar, a beber e, finalmente, a tocar violão com Carnera. Pouco tempo depois, Melo recebeu o convite para uma pequena temporada. Mas, o que aparentemente atestaria o seu potencial artístico só alimentou o descontentamento e a preocupação dos seus pais. O convite feito foi para cantar num cabaré. O estabelecimento tinha um nome pomposo: “Cabaré Imperial”, também conhecido como “Cabaré de Oliveira Martins”. Era uma construção simples, na zona norte da cidade. A proposta era a de exibições acompanhadas pelo piano e com pequenos cachês. João, ainda menor de idade, era obrigado a “dribles” quando a fiscalização batia às portas. Isso quando uma cerveja e uma menina ao colo não acalmavam os fiscais dos bons costumes. O convite para a cantoria inaugurou nova fase na vida de João Melo. O filho de médico, aluno do respeitável Atheneu, virou atração destacada em cabaré. Após se tornar o primeiro cantor de rádio em Sergipe, sendo um dos destaques nos microfones da Rádio Aperipê (PRJ-6), João tentou a sorte no Rio de Janeiro, mas acabou sendo convocado para o exército e voltou a viver em Aracaju. Porém, em 1945, o cantor resolveu deixar a cena sergipana. Afinal de contas, ele agora era um homem bem casado. Em 1951, com a mulher Lygia e filhos, João Melo mudou-se para a Bahia. A Rádio Sociedade seria a sua nova tribuna. João Melo passou cerca de 7 anos na Bahia. Funcionário dos Correios, o cantor dividia o tempo entre essa atividade, apresentações na Rádio Sociedade e shows na Boite Xangô, do Hotel Bahia. Portanto, a vida artística ainda era subsidiada pela ocupação no funcionalismo público. Mas, por volta de 1958, esse panorama se modificou. Empolgado pelo sucesso obtido na Bahia, João tentou novamente a sorte na cidade maravilhosa. Lá, em 1960, lançou seu primeiro LP – “Apresentando João Melo em Ritmos do Brasil”. Em 1972, João trocou a Philips, gravadora na qual ingressara em 1962, pela Som Livre, subsidiária da Rede Globo. Na nova empresa, produziu trilhas para carros-chefes na teledramaturgia brasileira. Por exemplo: O Bem-Amado e Escrava Isaura (na qual assinou o tema central “Prisioneira”) foram algumas das novelas que tiveram a suas trilhas sonoras produzidas por João Melo. Após trabalhar também nas trilhas do programa do humorista Chico Anísio, João Melo retornou a Aracaju. De volta a Sergipe, apresentou durante anos o programa “Videoteca Aperipê Memória”. O programa era uma espécie de Talk-Show preocupado em preservar depoimentos de personalidades sergipanas. Faleceu em 5 de janeiro de 2010.

Para saber mais:

MELLO, João. João Ventura: cidadão de Aracaju. Aracaju: Gráfica e Editora Triunfo, 2005.