Zona do Bomfim

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Zona do Bomfim

por Maria Luiza Pérola Dantas Barros e Priscila Antônia dos Santos


Também conhecida como “Rua do Bomfim” ou “Bomfim”, a região denominada de Zona do Bomfim compreendia a rua do Bomfim (atual 7 de setembro), rua Vitória (atual Carlos Burlamaque), rua Divina Pastora, rua Siriri e a baixa da avenida Pedro Calasans, até próximo ao elevado da rua São Cristóvão. De acordo com Débora Cruz, a Zona do Bomfim era um dos redutos para o lazer da boemia aracajuana a um baixo custo, nos anos de 1930 e 1940.

Nessa região, se localizavam os prostíbulos mais conhecidos dos aracajuanos e o Curral, nos fundos da cidade, zona Leste, nas proximidades com o centro (baixa da Pedro Calasans e a rua Divina Pastora), local onde as mulheres mais “maltratadas pela vida de prostituição” poderiam ser encontradas. Mesmo sendo uma conhecida localidade de prostituição, também havia moradias de famílias de baixa renda, que viviam em péssimas condições sanitárias, à margem da atenção do Estado. Em 1930, se iniciou o desmanche da região e, em 1953, tratores a demoliram, desabrigando famílias e prostitutas dessa região.

Embora o Bomfim fosse malvisto pelas autoridades e pela imprensa, que o descrevia como local da balbúrdia, da algazarra e do batuque, não deixou de ser, por isso, menos frequentado. No espaço constituído como “a zona quente do comércio sexual de Aracaju”, não faltava diversão; distante do olhar repressor do Estado, um público variado tinha acesso à diversão. A propósito, essa clientela era composta por operários que vinham dos bairros adjacentes, como o Aribé (atual Siqueira Campos), o bairro Industrial e os homens vindos do mar que ancoravam no Porto da cidade.

Passeando pela Zona, era possível encontrar as “horizontais” (como eram chamadas pela imprensa, as prostitutas) em cabarés como o “Moscou”, propriedade de Pedro Bigodão, “Stalingrado”; de Zé Fogo; e “Fla-Flu”, de Otávio, também chamados de “Pinga-Pus”, “Pinga-Tostão” e “Pinga-Sífilis”. Ainda existiam as pensões pertencentes à Odete Brasil, Doninha Piúla, Dona Branca, Glória Bagaço e Madalena.



Para saber mais:

CRUZ, Débora Souza. Meretrizes e prostíbulos: lazer e prazer no cotidiano de Aracaju durante o Estado Novo. (Monografia em História) Universidade Federal de Sergipe, 2011.

MAYNARD, Dilton Cândido Santos. Bares, cafés e pinga-pus na Aracaju dos tempos de guerra. In: MAYNARD, Andreza Santos Cruz. MAYNARD, Dilton Cândido Santos. Leituras da Segunda Guerra Mundial em Sergipe. Editora UFS. São Cristóvão-Sergipe: 2013. p. 77-90.