Zé de Dome (artista plástico)

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Zé de Dome (artista plástico)

por Danrley de Lima Santos

José de Dome foi um importante artista plástico sergipano. Nasceu na cidade de Estância (SE,) em 14 de dezembro de 1921, e faleceu na cidade de Cabo Frio (RJ), no dia 15 de abril de 1982. De família pobre, ainda na adolescência, manifestou predileção pelas artes ao participar de grupos teatrais em sua terra natal. Nessa mesma época, trabalhou com a mãe, Dometilla Pastora dos Santos - daí o “de Dome”, para o diferenciar dos outros ‘josés’ da rua na qual residia -, numa das fábricas de tecidos da cidade. Em 1939, ano da morte da mãe, José de Dome se mudou para Salvador. Na capital soteropolitana, exerceu os ofícios de fiador, tecelão, ajudante de pedreiro, guarda-noturno, marceneiro e entregador de pão. Ainda tentou seguir a carreira de ator, mas, não tendo êxito, interessou-se pela pintura, aprendendo a arte de forma autodidata com a observação e a leitura de livros sobre o assunto. Em sua fase baiana, Dome travou contato com artistas e intelectuais renomados, a exemplo de Jorge Amado (1912-2001), Jenner Augusto (1924-2003), Carybé (1911-1997), Caetano Veloso (1942 -), Gilberto Gil (1942 -) e Dorival Caymmi (1914-2008). Em 1955, já com bom reconhecimento, realizou sua primeira exposição individual, na galeria Belvedere da Sé. Ainda residindo em Salvador, José de Dome recebeu seu primeiro prêmio (1956) e participou da sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro, na Galeria Macunaíma (1961). Em 1963, expôs em Salvador, Aracaju e Los Angeles. No ano de 1965, transferiu-se para o Rio de janeiro, motivado pela entrega de duas telas encomendadas pelo Governador da Guanabara, Carlos Lacerda (1914-1977). No mesmo ano, mudou-se para Cabo Frio, onde passaria a residir até o fim da vida, num estilo de convivência simples que lhe rendeu muitas amizades e homenagens. Nessa fase, José de Dome chegou à consagração artística. Apresentou suas telas em Lima (1966), Rio de Janeiro (1967), Salvador (1968), São Paulo (1969), Londres e Barcelona (1971). Além disso, participou do II Festival de Artes e Cultura Negra em Lagos, Nigéria (1970). Uma de suas últimas exposições aconteceu na Galeria Cassino Estoril, em Portugal (1981). Quanto ao seu estilo artístico, José de Dome apresentava, na seara temática, predileção pela representação figurativa de tipos, coisas e locais relacionados a suas origens humildes, tais como santos de devoção popular, corujas, iguanas, marinhas, vendedoras de peixes, prostitutas, pescadores, crianças tristes, carcaças de barcos ao sol e moradias simples. Em suma, desenvolveu uma arte inspirada no modo de vida do povo. Por outro lado, seu estilo tem como marca registrada a presença de tons fortes de amarelo, aspecto que o consagrou no âmbito da crítica especializada como o “rei dos amarelos”. Uma relevante amostra de sua obra pode ser vista, atualmente, no Charitas – Museu e Casa de Cultura José de Dome, instituição mantida pela Prefeitura de Cabo Frio e que reúne o espólio deixado pelo artista após seu falecimento. Na mesma cidade, o logradouro em que residiu e manteve um ateliê foi batizado com seu nome.

Para saber mais:


SANTOS, Luiz Fernando Cajueiro dos. O Gênero Biográfico no Ensino das Artes Visuais: a Vida e a Pintura de José de Dome (1955-1981). 2018. Tese (Doutorado em Educação) – Departamento de Educação, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2018.

VALLADARES, Clarival. A pintura de José de Dome. Boletim do Conselho Federal de Cultura, ano 12, n. 48, p. 146-151, julho-setembro de 1982. (Notas da sessão de 3.5.1982)