Rodovia dos Náufragos

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Rodovia dos Náufragos

por Caroline de Alencar Barbosa e Roberta da Silva Rosa

A Rodovia dos Náufragos é uma das principais vias de acesso às praias aracajuanas. Ela foi construída entre os bairros de Atalaia e Mosqueiro, sendo inaugurada no dia 21 de novembro de 1980. A rodovia recebeu esse nome em homenagem às vítimas de um dos episódios mais marcantes e trágicos da história de Sergipe: os naufrágios das embarcações mercantes Baependi, Araraquara e Aníbal Benévolo, que foram torpedeadas e afundadas pelo submarino alemão U-507, em agosto de 1942, na época da Segunda Guerra Mundial. Essa rodovia é a mesma que leva em direção ao Cemitério dos Náufragos, conhecido como “Monumento dos Náufragos”, localizado no bairro Mosqueiro, construído na década de 1950, com a finalidade de homenagear as vítimas fatais dos torpedeamentos e abrigar seus restos mortais. As vítimas, civis e militares, estavam de passagem viajando de um estado para outro pela via de transporte mais usual da época: o mar. No entanto, havia um temor em navegar devido à Grande Guerra e às visitas repentinas dos submarinos alemães e italianos ao Atlântico Sul. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os aracajuanos vivenciaram o conflito por meio das páginas dos jornais e dos cinemas que exibiam filmes e cinejornais, trazendo as novidades sobre a guerra. Dessa maneira, o conflito era percebido como algo distante da realidade e do cotidiano da população. Todavia, em agosto de 1942, a chegada de sobreviventes, destroços dos navios e corpos de homens, mulheres e crianças nas praias aracajuanas causaram medo e incompreensão que, de fato, o conflito havia chegado ao litoral sergipano. As provas materiais da passagem da guerra, em Sergipe, podem ser representadas tanto por meio dos restos das embarcações naufragadas, que constituem os sítios arqueológicos de naufrágios, bem como pelos dois Cemitérios dos Náufragos, que formam os sítios arqueológicos históricos. O primeiro Cemitério está localizado à beira mar, no Bairro Aruana, e foi construído na época dos torpedeamentos para enterrar as dezenas de corpos encontrados espalhados pelas praias já em estado de decomposição e que não conseguiram ser identificados. O segundo cemitério, conhecido como “Monumento dos Náufragos”, citado anteriormente, foi restaurado pela sua representatividade e elevado a Monumento Histórico Estadual em 1973. Nele, há uma placa com a seguinte inscrição: “Cemitério dos Náufragos dos navios mercantes Baependi, Araraquara e Aníbal Benévolo. Aí está o golpe mais traiçoeiro e terrível vibrado contra o coração da nacionalidade”. A presença desses vestígios materiais da época bélica constitui as evidências de que a guerra chegou ao Brasil tendo como porta de entrada o litoral sergipano, palco das investidas dos torpede¬amentos nazistas contra os navios brasileiros.


Para saber mais:

BARBOSA, Caroline de Alencar. Aracaju em perspectiva: aspectos do cotidiano durante a segunda guerra mundial (1939-1945). In: X Semana de História Política UERJ: Minorias Étnicas, de Gênero e Religiosas, 2015, Rio de Janeiro. X Semana de História Política: Minorias étnicas, de gênero e religiosas / VII Seminário Nacional de História: Política, Cultura e Sociedade. Rio de Janeiro: UERJ: PPGH, 2015. p. 3026-3032. MAYNARD, Dilton Cândido Santos; ASSIS, Raquel Anne Lima de. O fim do mundo começou no mar: os ataques do Submarino U-507 ao litoral sergipano em 1942. Navigator, vol.9, nº17, 2013, p. 59-68. ROSA, Roberta da Silva; RAMBELLI, Gilson. Vestígios da Segunda Guerra Mundial nas Praias Sergipanas: Reflexões Arqueológicas. Navigator, vol.16, nº32, 2020, p. 137-151.