Parafuso (grupo folclórico)

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Parafuso (grupo folclórico)

por Claudefranklin Monteiro Santos


Grupo folclórico da cidade de Lagarto, Sergipe, composto por homens vestindo cinco anáguas brancas, com cara pintada de branco, chapéu com abas ou em forma de cone, também de cor branca, ornado com fita vermelha, que dançam em torno do próprio corpo, ao som de cantos e da zabumba, com triângulo, acordeão e bumbo. A coreografia chama atenção pela perícia performática e pela beleza estética. Reza a lenda que os Parafusos surgiram ainda na época da escravidão negra em Sergipe. Conta-se que escravos roubavam as roupas íntimas de suas sinhazinhas e se vestiam à noite a fim de serem confundidos com fantasmas e escaparem da caça de capitães do mato. O nome está associado a uma passagem atribuída ao Padre Saraiva Salomão, pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Piedade do Lagarto, ainda sem comprovação histórica, dada à confusão da data. O ano era 1888, quando da libertação dos escravos. O Padre Saraiva, ao ver aquele grupo de homens rodopiando em torno do próprio corpo, no sentido horário e anti-horário, teria dito que eles se pareciam com parafusos. Acontece que o padre faleceu anos antes da decretação da Lei Áurea e, se de fato ocorreu o citado episódio, jamais teria sido naquela ocasião. Estudos ainda não conclusivos associam as origens dos Parafusos à uma tradição religiosa mulçumana, trazida pelos escravos para a região. A dança é muito semelhante à performance praticada pelos dervixes num ritual chamado Sufismo, tradição presente há muitos anos não somente na Turquia, mas também em regiões da África. Enquanto grupo folclórico, teria surgido em 1897 e tornaram-se nacionalmente conhecidos quando foram convidados para participar do Festival de Folclore de Olímpia, São Paulo, em 1980, graças aos esforços de Seu Gerson e do historiador Adalberto Fonseca. Em 2019, em sanção da Lei nº 850, aprovada pela Câmara Municipal de Vereadores, o grupo se tornou Patrimônio Histórico e Cultural de Natureza Imaterial do Município de Lagarto. Em outubro de 2020, o Governo de Sergipe reconheceu o Grupo Parafusos como Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial do Estado. Entre as canções do grupo, uma em especial se destaca, sobretudo a passagem que diz: “Quem quiser ver o bonito, saia fora e venha ver, venha ver o parafuso a torcer e a distorcer”, encantando a todos, particularmente aos turistas de várias partes do Brasil e do Mundo. Atualmente, o Grupo Parafusos é mantido pela Associação Folclórica de Lagarto (Asflag), sob a coordenação da brincante e agente cultural, Maria Ione.


Para saber mais:


OLIVEIRA, Irineu Roberto de. A Saga dos Parafusos de Lagarto: Resistência e Ressignificação. TCC do Curso de Licenciatura em História. Projeto de Qualificação Docente. Lagarto: Universidade Federal de Sergipe, 2002.

Beatriz Góis Dantas. Adalberto Fonseca e Folclore de Lagarto nos anos 70. Revista da Academia Lagartense de Letras, n. 2, v.1, 2018, pp. 15-25.

SANTOS, Claudefranklin Monteiro. Grupo de Parafusos de Lagarto - Venha ver o Bonito. Revista Perfil, Aracaju-Se, p. 64 - 65, 30 dez. 2010.