Estação da Leste

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Estação da Leste

por Fernando José Ferreira Aguiar


O Sistema Ferroviário em Sergipe inicia sua atuação a partir da necessidade de ampliação do denominado Ramal, chamado Timbó (atual Esplanada na Bahia) até Alagoinhas (1887), expandindo aos poucos a partir de 1908, até chegar a Aracaju, em 1913, como ponta de linha. Com uma construção modesta, sua estação foi edificada e funcionou até o final da década de 1940 no centro da capital sergipana para além do Traçado de Pirro, localizada próximo aos mercados, ao antigo porto da cidade, ao centro político e administrativo, às fábricas de tecido Sergipe Industrial e Confiança e aos trapiches Brown e Cruz & Irmãos. Para chegar até o seu terminal final, os trens tinham que, necessariamente, primeiro passar pelos “arrabaldes do Aracaju”, no dizer do engenheiro Fernando Porto, mais precisamente pela localidade denominada Oficinas , cuja denominação resulta do fato de, desde fevereiro de 1914, se instalarem na localidade as oficinas de manutenção da Ferrovia Timbó a Propriá, cujas linhas férreas foram administradas pela Companhia Chemins de Fer Federaux du L’est Brésilein de 1913 a 1922, e a partir deste ano mudando de denominação para Companhia Ferroviária Leste Brasileiro, em 1935, quando a sua gestão fora substituída pela Viação Férrea Federal Leste Brasileiro até 1975. Desde os anos 1920 até o início dos anos 1940, várias foram as reclamações sobre as condições de segurança e mobilidade da estação, gerando a necessidade de se pensar um estudo para a mudança, ampliação e modernidade que levariam à construção de uma nova estação de embarque e desembarque de passageiros e cargas. O projeto de construção de uma estação mais moderna e que atendesse às demandas de progresso, segurança e comodidade tanto para os passageiros quanto para as cargas transportadas desde mercadorias, matérias-primas a animais de tração, começou, a partir de 1940, a ser executado. O local escolhido ficava na localidade das antigas oficinas, no Bairro Aribé, cuja denominação, por força de lei, no dia 06 de janeiro de 1931, passou a ser denominado Siqueira Campos. No dia 7 de setembro de 1950, foi inaugurada a Segunda Estação Ferroviária de Aracaju, que passou a funcionar em um prédio imponente recém-edificado, gerenciada pela Viação Férrea Federal Leste Brasileiro, ficando popularmente conhecida como “A Leste”, localizada na Praça dos Expedicionários, no bairro Siqueira Campos, mudando completamente o itinerário de circulação dos trens, proporcionando desenvolvimento e progresso ao antigo Aribé, à capital e ao Estado, expandindo os limites de ocupação habitacional da capital e aumentado consideravelmente o número de habitantes. A Leste funcionou até 2007 sob a gerência da concessionária Ferrovia Centro Atlântica S/A, quando essa encerrou o transporte de combustíveis em Sergipe, restando somente o transporte de cimento. Em 2012, a concessionária devolveu o trecho à União e atualmente a edificação imponente encontra-se em pleno processo de degradação e abandono, as linhas sem nenhuma manutenção e sem uso, o que concorre para a negação do direito à memória por parte da Cidade, do Estado e da União, aos moradores do entorno da estação, aos munícipes, aos visitantes e às futuras gerações.

Para saber mais:

BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. I Centenário das Ferrovias Brasileiras. Rio de Janeiro: IBGE, 1954.

_______. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Patrimônio Ferroviário de Sergipe (Inventário). Vol. 1. Belo Horizonte: IPHAN, 2009.

_______. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Patrimônio Ferroviário de Sergipe (Inventário). Vol. 2. Belo Horizonte: IPHAN, 2009.

CARDOSO, A. Sergipe nos tempos das ferrovias: nota histórica. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, Aracaju, nº 41, 2011, p. 375-391.