Deus é brasileiro (filme)

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Deus é brasileiro (filme)

por Raquel Anne Lima de Assis

O filme “Deus é Brasileiro” é uma comédia baseada no conto de João Ubaldo Ribeiro, lançada em 2003, dirigida por Carlos Diegues e produzida pela Globo Filmes, Rio Vermelho e Columbia Tristar. Cansado das “amolações” da humanidade, Deus (Antônio Fagundes) resolve tirar férias em um passeio pelas estrelas. Mas, antes disso, percorre o nordeste brasileiro à procura de um santo que possa assumir seu lugar enquanto estiver ausente. O candidato é Quinca das Mulas (Bruce Gomlevsky), um ativista difícil de ser localizado por atuar em diferentes estados nordestinos em prol das mais diversas causas. Assim, acompanhado do borracheiro e pescador Taoca (Wagner Moura) e uma jovem moça que sonha em ir para São Paulo, Madá (Paloma Duarte), Deus atravessa o Nordeste partindo da divisa entre Sergipe e Alagoas, mais precisamente em Penedo, até chegar no Tocantins, passando por Pernambuco, à procura de seu santo. Nessa viagem, o trio se depara com dois aspectos muito fortes da cultura regional, a riqueza da paisagem natural e sua importância para o desenvolvimento local e a religiosidade dos sertanejos. No filme, é destacada a beleza do rio São Francisco, popularmente chamado de “Velho Chico”, um dos mais importante da América Latina, e como cidades, inclusive no interior de Sergipe e Alagoas, dependem economicamente dele, como é o caso da Feira de Penedo. O próprio Taoca é pescador e o primeiro encontro do personagem com Deus se dá justamente em sua pequena embarcação chamada “Tira Teima”. Nessa aparição, o “Velho Chico” se enche de peixe, o que representa sua importância econômica para a região. Ou ainda, podemos destacar a apresentação das senhoras lavadeiras do Baixo São Francisco, que mantém a tradição de lavar roupas na margem do rio e fazem dessa atividade o sustento de suas famílias. Outro ponto de destaque da película é a religiosidade. Deus justifica sua escolha em encontrar um substituto no Brasil por considerar o brasileiro um povo religioso e que, entretanto, ainda não possuía um santo reconhecido oficialmente. Ao longo do filme, é perceptível a apresentação de diversos personagens religiosos, falas com trechos bíblicos e uma trilha sonora que nos remete à figura divina. Portanto, observamos na cultura regional uma forte presença da fé e de ritos religiosos. Uma religiosidade que contribuiu para a formação do imaginário local. O filme “Deus é brasileiro” é uma produção que nos ajuda a identificar alguns aspectos físicos, sociais e culturais do interior sergipano, principalmente na divisa com Alagoas. Nos é apresentada a paisagem, com sua beleza das águas e das matas, e sua importância econômica e social para o sertão, região marcada com uma forte cultura religiosa.

Para saber mais:

COSTA, Sueli Aparecida da Costa. As imagens simbólicas em Deus é brasileiro: A Harmonia entre memória, cinema e imaginação. In: Revista MOARA, Belém, n. 25, p. 80-94, jan./jun. 2006.