Cine Rio Branco

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Cine Rio Branco

por Andreza S. Cruz Maynard

Em 09 de abril de 1913, o Teatro Carlos Gomes foi transformado em Cineteatro Rio Branco. Funcionando à Rua João Pessoa, n. 132, centro de Aracaju, o estabelecimento pertencia inicialmente a Hormindo Menezes e José Mesquita Barreto, conhecido como Juca Barreto, que se tornou o único proprietário nas décadas seguintes. O cinema manteve a atividade comercial de exibição de filmes até o fim do século XX. O Rio Branco funcionava ao mesmo tempo como cinema, teatro, cassino e auditório. Em seu período áureo, o palco recebeu a visita de Procópio Ferreira, Bidu Sayão, Tito Shiva e outros artistas, que se apresentaram em seu palco. As visitas ilustres ficavam registradas em placas de mármore que eram afixadas nas paredes. Contudo, a apresentação de filmes se constituía na principal atividade do Rio Branco. Em 1935, o cinema exibiu o sucesso de público da Cinédia “Alô, Alô Brasil” (1935), que contava com a participação de artistas como Carmem Miranda, Francisco Alves, Cezar Ladeira, Mesquitinha, Barbosa Jr e outros. Logo após o episódio dos torpedeamentos das embarcações brasileiras no litoral sergipano, exibiu, no dia 9 de setembro de 1942, o primeiro filme antinazista em Aracaju, “Confissões de um Espião Nazista” (1939), produzido pela Warner. Em 1955, o cinemascope foi trazido para Aracaju. Tratava-se de uma tela muito grande e côncava. No Cinema Rio Branco, essa tela ficava protegida por duas cortinas, uma vermelha de veludo, afastada da tela, e outra branca e fina, que ficava encostada na tela. Alguns dos filmes exibidos nessa tela foram “O Manto Sagrado” (1953), “A volta ao mundo em 80 dias” (1956), “Lawrence da Arábia” (1962) e “Cleópatra” (1963). Apesar de ser o único cinema da cidade que contava com a presença glamurosa de duas cortinas, o Rio Branco já não era o único a oferecer as últimas novidades do mundo aos aracajuanos. Na década de 1950, o cine Pálace contava com o diferencial de possuir ar-condicionado. Em 1961, Juca Barreto faleceu. Justamente nesse período, o Rio Branco inicia um período de decadência que segue até a década de 1980, quando já estava arrendado e exibia filmes pornográficos. Em 17 de abril de 1985, a Federação de Teatro de Teatro Amador de Sergipe (FETAS), amparada pelo Conselho Estadual de Cultura, solicitou que o Governo Estadual adquirisse, tombasse, restaurasse e providenciasse uma administração para o cinema Rio Branco. O Decreto estadual n. 10.215, de 14 de dezembro de 1988, decretou o tombamento do cinema Rio Branco. O prédio passava a ficar sob a proteção e vigilância do Poder Público Estadual, por intermédio da Secretaria de Estado da Cultura. Porém, em 10 de dezembro de 1991, os proprietários solicitaram a anulação do tombamento do cinema e foram atendidos. Em 2002, o Rio Branco foi demolido e em seu lugar foi construída uma loja.


Para saber mais: MAYNARD, Andreza S. Cruz. De Hollywood a Aracaju: Antinazismo e Cinemas durante a Segunda Guerra Mundial. Editora Universidade de Pernambuco – EDUPE: Recife, 2021.