Carranca

From
Jump to: navigation, search

Carranca

por Liliane Costa Andrade

Carranca, também conhecida como “coisa feia” e “figura de proa”, é um tipo de escultura produzida em madeira. Em forma de homem ou de animal, as peças são coloridas e caracterizam-se por possuírem olhos arregalados, sobrancelhas arqueadas, grandes orelhas e uma expressão de ferocidade. Seu surgimento ocorreu no século XIX, entre os anos de 1875 e 1880, na região do rio São Francisco. Inicialmente, as carrancas eram usadas na proa das embarcações, conhecidas como barcas, e a elas eram atribuídas diversas funções: espantar os monstros do rio, afastando os perigos vindos das águas e tornando as viagens mais tranquilas; ajudar os habitantes das margens do rio na identificação das embarcações; enfeitar esses transportes; além de atrair a curiosidade das pessoas das fazendas sobre esses barcos, aumentando assim a possibilidade de negócios. A partir da substituição das barcas por barcos a vapor, impulsionada pelo Regulamento do Tráfego Marítimo (1940) e pela Consolidação das Leis do Trabalho (1943), as carrancas, enquanto figuras de proa, foram perdendo espaço, dando lugar a uma escultura confeccionada de maneira ereta, conhecida como “carranca pedestal”. Suas funções também mudaram, haja vista que atualmente as carrancas são produzidas apenas para fins comerciais e ornamentais. Em Sergipe, a carranca é um dos produtos que se destaca em meio ao mercado artesanal, composto por uma rica variedade de opções que inclui, também, artigos confeccionados a partir da renda irlandesa, da palha, da cerâmica, entre outros materiais, e que podem ser encontrados em ambientes como o Centro de Arte e Cultura J. Inácio e o Mercado Municipal, localizados na Orla de Atalaia e no Centro Histórico de Aracaju, respectivamente.

Para saber mais:

BRASIL, Vanessa M. Escultura Popular no Médio São Francisco – As carrancas no cotidiano ribeirinho. Revista Múltipla. Brasília, vol. 11, n. 17, p. 75-84, dez 2004.

SILVA JR., Luiz Severiano da. Carranca vampira: a vitória da estética mercadológica. Atas do IX Encontro de História da Arte: Circulação e trânsito de imagens e ideias na História da Arte. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, p. 214-222, 2013.

Artesanato sergipano esbanja criatividade. Disponível em: https://www.destaquenoticias.com.br/artesanato-sergipano-esbanja-criatividade/.