Café Ponto Chic

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Café Ponto Chic

por Maria Luiza Pérola Dantas Barros e Mônica Porto Apenburg Trindade

“Ao Ponto Chic”, ou apenas “Ponto Chic”, de propriedade de Augusto Andrade, foi inaugurado em 20 de outubro de 1918 e pode ser considerado o mais famoso café e ponto de encontro de seu tempo. Era um dos cafés que funcionava na esquina das ruas João Pessoa e Laranjeiras, onde, posteriormente, foi instalada a Delegacia do Ministério do Trabalho. Era o ponto de encontro da sociedade sergipana e integrava o “circuito cultural” daquelas ruas. Segundo Fernando Porto, o ambiente do Ponto Chic era muito bem tratado; havia “mesas de tampo de mármore e pés de ferro fundido e, na parede lateral, uma barra de azulejos coloridos, terminando numa fiada de peças com relevo, de fabricação inglesa”. Frequentado por um público quase totalmente masculino, as atividades do Ponto Chic foram encerradas em 18 de abril de 1969. Além de oferecer artigos variados que iam desde bebidas alcóolicas, sucos, perpassando por cigarros, charutos e até sorvetes, de acordo com Dilton Maynard, os cafés, de forma geral, “funcionavam como espaços públicos em que aspectos da vida privada vinham à tona”. Sendo assim, locais como o Ponto Chic proporcionavam um lazer voltado tanto para a degustação, como para conversas a respeito da vida alheia e sobre os “segredos dos homens de Estado”. Ponto de encontro muito famoso entre os homens, era ao Ponto Chic que os mais abastados sergipanos se dirigiam para fazer negócios diversos. Nos difíceis anos da Segunda Guerra, por exemplo, o Ponto Chic era um dos poucos locais de Aracaju onde todos os homens podiam se distrair. Na verdade, o ambiente de descontração e bate-papo proposto pelo referido café camuflava dois aspectos importantes em tempos de guerra: a vigilância e o controle, não só do governo sobre a população, mas entre a própria sociedade. A observação da vida alheia, os comentários maldosos e possíveis acusações, bem como a tentativa de hierarquização da sociedade, uma vez que indivíduos de menor poder aquisitivo não eram muito bem-vindos em espaços como o Ponto Chic, tornavam o local também como um ponto de coibição em Aracaju.


Para saber mais:

BARRETO, Luiz Antônio. Dicionário de nomes e denominações de Aracaju. Aracaju: Banese, 2002.

CABRAL, Mário. Roteiro de Aracaju: guia sentimental da cidade. Aracaju: Livraria Regina, 1948.

MAYNARD, Andreza Santos Cruz; MAYNARD, Dilton Cândido Santos. Dias de luta: traços do cotidiano em Aracaju (1939 – 1945). OPSIS, Catalão, v. 9, n. 12,.jan-jun 2009.

PORTO, Fernando de Figueiredo. Alguns nomes antigos do Aracaju. Aracaju: Gráfica e Ed. J. Andrade Ltda, 2ª ed, 2011.