Bairro América

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Bairro América

por Renato Batista

Localizado na zona oeste de Aracaju, o bairro América é uma região importante da capital sergipana, com uma população de 15.870 habitantes; segundo o censo do IBGE 2010, é um dos mais populosos. Sua relevância, contudo, não se limita ao contingente populacional. O bairro nasceu como consequência de uma medida administrativa do governo de Sergipe que, em 1926, decidiu desativar a cadeia pública, então situada no centro da cidade, e construir uma penitenciária modelo em uma região afastada, no lugar chamado “Alto da Pindoiba”. Como forma de dar assistência aos seus, familiares dos apenados passaram a fixar moradia nas proximidades da nova penitenciária. Iniciou-se, assim, a ocupação humana na localidade que viria a ser o bairro América. O nome do bairro tem uma explicação peculiar. A família Zuckermann, norte-americana e de origem judia, resolveu lotear um terreno naquela área, e, entusiasta que era dos Estados Unidos, chamou o loteamento de América. A decisão dos Zuckermann se deu logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. A origem da ocupação, somada ao preconceito, estigmatizaram o bairro como o mais violento da capital (bairro de cão, diriam alguns). Nesse cenário, na década de 1960, padres italianos da ordem dos capuchinhos instalaram-se na comunidade. Seus trabalhos e respaldos ajudaram a amenizar o sofrimento de uma população carente e excluída. Educação e assistencialismo tornaram os freis capuchinhos pessoas queridas e respeitadas no bairro e na cidade. Vale notar que está em curso um processo de canonização de um desses bravos religiosos, o frei Miguel (Miguelângelo de Cingole). Entre as mudanças trazidas pelos capuchinhos ao bairro América, a construção da igreja são judas Tadeus merece destaque. Podendo ser vista de diversos pontos de Aracaju, o templo é uma bela construção arquitetônica e ponto turístico da cidade. No dia 28 de outubro, é comemorada a festa do padroeiro São Judas Tadeu, ocasião em que a comunidade recebe milhares de visitantes. No entanto, tempos depois da chegada dos religiosos e das transformações experimentadas pelo bairro, na década de 1980, os moradores tiverem que unir-se para lutar contra a força econômica de uma empresa produtora de cimento na região. A fábrica Portland levava poluição e problemas de saúde às famílias bairroamericanas. Diversas instituições, dentre elas a igreja São Judas, a imprensa e as associações de moradores uniram-se para enfrentar o desafio de convencer os gestores da necessidade de transferir a fábrica. Diversas denúncias e mobilizações depois, a comunidade venceu o poderoso CNPJ. Mas, embora tenha vencido a poluição, a população do bairro América parecia perder a guerra contra as drogas. A década de 1980 também ficou conhecida como a fase da "guerra da maconha". Muitos deixavam o bairro com medo de serem vítimas das drogas ou da violência. No entanto, com a criação da polícia comunitária no bairro, a localidade acabou se transformando em exemplo na luta contra o tráfico e a violência De um modo ou de outro, tantas lutas e sofrimentos da comunidade não foram capazes de calar a alegria dos seus moradores. O bairro é conhecido por seus festejos, sejam eles sacros ou pagãos. Ali, surgiram manifestações culturais incentivadas pelas associações de moradores e por movimentos sociais. Dentre eles, recebem destaque os grupos da AMABA (Associação de moradores e amigos do bairro América) e o grupo afro Bantos Nação, que realizava apresentações na praça Franklin Roosevelt. Sem contar as festas religiosas, como a já mencionada festa de São Judas e a semana de festejo no Abaçá São Jorge. As ruas ondulosas do bairro América recebem seus moradores e visitantes com alegria e convidam para celebrar a vida.

Para saber mais:

CORRÊA, Antônio W., ROCHA, Emanuel Souza. Bairro América: a Saga de uma Comunidade Aracaju: Inphografics, 2009.