Bacamarteiros (grupo folclórico)

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Bacamarteiros (grupo folclórico)

por Romário Portugal

A origem do nome Bacamarteiros está relacionada ao próprio armamento utilizado pelos brincantes durante as suas apresentações: o bacamarte, um tipo de rifle de cano largo e curto que, com o passar do tempo, foi modificado e adaptado para o uso atual. Não se utiliza mais o chumbo; somente a pólvora, já é o suficiente para proporcionar bastante fumaça e barulho. Em Sergipe, dados apontam que o grupo mais antigo é de meados de 1780, tempo em que os negros escravizados dos engenhos do município de Carmópolis se reuniam em períodos festivos, sobretudo em comemoração aos santos do ciclo junino, para brincar, dançar e trocar versos de improviso. Após a Guerra do Paraguai (1864-1870), e a popularização dos bacamartes, esses homens passam a fazer uso deles para se defender, e os introduzem nas comemorações festivas do mês de junho, proporcionando uma maior vivacidade à ocasião. Os brincantes do grupo de Carmópolis utilizam roupas características do período junino. As mulheres usam vestidos de chita ou tecido similar densamente estampados, sandálias de couro e chapéus de palha enfeitados com fitas, flores e renda, e o homens usam calças compridas de tecido grosso, camisas de mangas compridas com a mesma estampa dos vestidos das mulheres, tênis e chapéu de couro. Durante a dança, ao longo de todo o cortejo, homens e mulheres são animados ao som de muita música e bebida, o que acaba proporcionando muitos versos improvisados feitos pelo "tirador de cheio". A musicalidade, no entanto, é proporcionada a partir de instrumentos como a onça, o pandeiro, o reco-reco e o ganzá, feitos pelos próprios membros do grupo a partir da madeira do jenipapeiro. Em um determinado momento, o cortejo para e se abre espaço para a exibição dos atiradores, homens cheios de técnicas que disparam as suas armas, muitas das vezes fazendo poses e movimentos improvisados, buscando se destacar pela capacidade de se equilibrar e segurar o bacamarte com firmeza, apesar de seu arrojo. Assim como em Carmópolis, os municípios de Capela e General Maynard também preservam a cultura dos Bacamarteiros; esses, porém, apresentam algumas variações em seus ritmos e vestes, mas seguem o mesmo princípio básico: homenagear os santos do mês de junho com os estampidos dos bacamartes.

Para saber mais:

ALENCAR, Aglaé D' Ávila Fontes. Danças e Folguedos; Iniciação ao Folclore Sergipano. Desenhos: Cláudia Endlein, Fotos: Marcel Nauer. Aracaju: Secretaria de Estado da Educação do Desporto e Lazer, 1998.

BRAZ, Luize Emanuelle Guimarães; JUNIOR, Silvino Barbosa da Silva; SILVA, Marla Galdino. Tiro, pólvora e canção: Uma história contada. 2015. 43f. Monografia (Graduação em Comunicação Social) – Departamento de Comunicação Social. Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão.

FALCÓN, Maria Lucia de Oliveira (Org.). Sergipe: cultura e diversidade. Salvador: Solisluna Design Editora, 2010.